Geologia do Porto Santo
Nome: Pico da Ana Ferreira
Disjunção Prismática do Pico Ana Ferreira
A rocha que constitui o Pico de Ana Ferreira formou-se a partir de um magma de composição intermédia de uma câmara magmática subjacente à actual crista do pico de Ana Ferreira. Esta rocha, mugearito, apresenta uma cor cinzenta e é mais resistente do que a rocha que a circunda, o basalto, que se encontra actualmente muito alterado.
A disjunção prismática ou colunar que se observa no Pico de Ana Ferreira deve-se ao lento arrefecimento do magma que consolidou a uma certa profundidade, no interior da conduta que terá alimentado um aparelho vulcânico à superfície, que a erosão há muito já eliminou.
Nome: Morenos
Conjuntos de filões e rizoconcreções
As arribas abruptas na zona dos morenos apresentam uma expressiva rede filoniana de rochas magmáticas. Os filões de natureza basáltica e traquítica exibem estruturas com disjunção prismática, denominadas localmente como “pedra navalheira”.
As rizoconcreções que encontramos expostas nos eolinanitos do Porto Santo podem ser observadas neste geossítio. São estruturas calcificadas resultantes da precipitação de carbonato de cálcio em torno de raízes de plantas existentes nas antigas dunas. A transpiração das plantas desencadeia um mecanismo de captação de água presente no solo através das raízes, as quais recebem nutrientes e outros minerais dissolvidos. Como as areias biogénicas têm enormes quantidades de carbonato de cálcio (CaCO3), provenientes de conchas de organismos marinhos, o CaCO3 em excesso acumula-se gradualmente em torno das raízes e acaba por cimentar com o tempo. Quando as raízes morrem, o espaço ocupado pela raiz pode, ou não, ser preenchido dando origem, por vezes, a tubos ocos de carbonato, alguns ainda in situ.
Nome: Zimbralinho
Lava em Almofada e disjunção esferoidal
Lava em almofada ou “Pillow lava” são as escoadas lávicas típicas das erupções vulcânicas submarinas. Esta denominação deve-se à sua secção aproximadamente esférica, semelhante a almofadas. As lavas em almofada formam-se não apenas em mar profundo, mas também sempre que lavas subaéreas correm pelas vertentes e entram em contacto com o mar, arrefecendo em rolos, de modo rápido.
Ao descer para a baía do Zimbralinho, é possível observar, igualmente, estruturas arredondadas mas por disjunção esferoidal, que consiste na alteração física de rochas magmáticas através da individualização de capas curvas (tipo casca de cebola), do exterior mais alterado para o interior da rocha menos alterada devido a processos de meteorização por exposição subaérea a variações de temperatura e humidade.
Nome: Ilhéu da Cal
Recifes Fósseis e Galerias do Ilhéu da Cal
O Ilhéu de Baixo ou da Cal é o maior Ilhéu do Porto Santo, onde a indústria de extracção calcária teve início no séc. XVIII para o fabrico de cal, material estratégico usado na construção de vários tipos de edifícios por alvenaria.
Na sequência estratigráfica é possível observar escoadas lávicas submarinas, cinzas vulcânicas e espessas camadas de calcário formado em ambiente litoral recifal sob clima tropical em águas de profundidade não superior a 40 metros.
Nome: Ilhéu de Cima
Tubos de lava
Os tubos de lava que podemos encontrar nas vertentes do Ilhéu de Cima são localmente designados como a “Pedra do Sol” pela estrutura raiada que apresenta. Estes tubos formam-se a partir da lava que deixa o ponto de erupção e desliza a elevadas temperaturas sobre a superfície em forma de canais. Ao entrarem em contacto com o ar que está muito mais frio, estes tubos solidificam criando uma crosta que permite que o fluxo de lava mantenha a sua temperatura no interior. Este mecanismo é típico de escoadas basálticas que permitem que a lava alcance grandes distâncias fluindo no interior do tubo. À medida que o arrefecimento decorre, a lava retrai e define-se um padrão geométrico de finas fracturas que dão origem ao aparecimento de estruturas prismáticas cujo alinhamento define a direcção em que se deu o arrefecimento, neste caso do exterior para o interior do tubo.
Nome: Ilhéu de Cima
Cabeço das Laranjas
No lado oriental da ponta noroeste do Ilhéu de Cima, o “Cabeço das Laranjas” apresenta um espectacular afloramento de fósseis de algas vermelhas (rodólitos) localmente denominados como “laranjas” pela sua enorme semelhança com este fruto. O conteúdo fóssil é maioritariamente composto por rodólitos numa camada com cerca de 6 metros de espessura com intercalações de cinzas vulcânicas, encontrando-se também alguns fósseis de corais, ouriços-do-mar (Clypeaster), pectinídeos e outros bivalves.
Nome: Serra de Fora
Eolianitos
Os eolianitos calcoareníticos são designados como Formação Eolianítica e cobrem cerca de 1/3 da Ilha do Porto Santo. Esta Formação, de idade Quaternária, apresenta uma cor amarelo-esbranquiçada e é composta essencialmente por fragmentos de conchas de microorganismos marinhos, moluscos e algas calcárias, aos quais se juntaram vários fósseis de gastrópodes terrestres (vulgo conchas de caracol). Nestas antigas dunas encontram-se também ossos de aves e estruturas da antiga vegetação, rizoconcreções.
Nome: Baião-Navalhão
Salão (bentonite)
Os depósitos bentoníticos da Serra de Fora enquadram-se no Complexo Antigo da Ilha cuja idade está definida no intervalo 10-16 milhões de anos. Estas formações bentoníticas de cor esverdeada resultam de uma alteração sub-aquática de vulcanitos, intercalados com extensos derrames lávicos. A rede filoniana que atravessa esta formação preservou-a da destruição erosiva. Localmente designado como salão, antigamente era utilizado para a cobertura das casas pois permitia manter um ambiente fresco no Verão e quente no Inverno.
Nome: Serra de Dentro
Níveis Fossilíferos do Lombinho
Situado no sector Nordeste da Ilha, encontram-se afloramentos fossilíferos de fácies vulcano-sedimentares de pequena profundidade, datados do Miocénico Médio (aproximadamente 14 Ma). Estas sequências traduzem um paleoambiente de energia moderada a alta, com grande variedade de fósseis marinhos como por exemplo blocos de corais coloniais, rodólitos, pectinídeos, entre outros.
Nome: Pico Branco
Disjunção Prismática
As rochas de natureza traquitica e riolítica, de cor clara, podem ser encontradas no sector NE da ilha. No Pico Branco, encontramos uma enorme disjunção prismática chamada localmente como Rocha Quebrada, na qual foi talhada a vereda Pico Branco-Terrã Chã. A Área do Pico Branco e Terra Chã integra a rede europeia de sítios de interesse comunitário – Rede Natura 2000, Directiva Habitats, por apresentar endemismos de flora e fauna (moluscos gastrópodes terrestres, vulgo caracóis).
Nome: Pico da Cabrita
Hialoclastitos
Estas rochas de origem vulcânica submarina são constituídas por fragmentos angulosos lávicos de tamanho e cor variável, com textura vítrea a porosa com auréola de alteração devido ao contacto brusco com a água do mar, e consolidada ainda a quente numa brecha multicolorida.
Nome: Porto das Salemas
Conjuntos de filões
As arribas abruptas da costa N e NO apresentam formações vulcânicas piroclásticas representadas por tufos, brechas e escórias, tal como encontramos nos Morenos. Os tufos encontram-se cortados por uma densa rede filoniana de rochas magmáticas extrusivas que correspondem à consolidação de lava no interior das condutas que alimentaram um importante campo de vulcões superficiais, há muito erodidos.
Os filões são corpos magmáticos, de forma tabular, resultantes do preenchimento de fracturas existentes nas rochas, fracturas estas produzidas devido às tensões e pressões originadas pela intrusão magmática. A sua atitude e dimensões são variáveis, podendo apresentar espessuras que variam entre poucos milímetros (filonetes) a alguns metros, estendendo-se desde alguns metros até quilómetros. A sua espessura nem sempre é constante e, por vezes, ramificam-se.
Nome: Fonte da Areia
Eolianitos
Na Fonte de Areia encontramos extensas acumulações de areias biogénicas carbonatadas e endurecidas em eolianitos pertencentes à Formação Eolianítica tal como na Serra de Fora. Os eolianitos são herança da Ultima Glaciação,”Wurm”, que ocorreu entre 100 a 10 mil anos.
Por debaixo destas areias, ocorre uma unidade argilosa de espessura variável, possivelmente formada em ambiente lacustre, a qual assenta em discordância angular sobre uma antiga superfície de erosão talhada em rochas filoneanas e vulcânicas basálticas..